segunda-feira, 19 de março de 2018

Lenda da mandioca



Puri significa, em português, gente tímida e mansa. Seus cabelos lisos, as orelhas pequenas, o nariz largo, os olhos puxados. Eram nômades, vivendo da caça, pesca e uma agricultura primária. Tinham como costume limpar o terreno para o plantio através de queimadas, o que prejudicava a fertilidade do solo e os obrigavam a migrar de tempos em tempos, em busca de áreas virgens. A mandioca era muito utilizada pelos índios que descascavam e ralavam sua raiz com instrumentos feitos de espinhos e dentes de animais. De acordo com o folclore nacional, a lenda da mandioca era comum a várias tribos.

Segundo a lenda, Mani tinha sido a índia mais bonita que já existiu branca como o lírio. Os índios a respeitavam como um ser sobrenatural, acreditando ser um presente de Dokora. Um dia Mani ficou doente e morreu, sendo enterrada no jardim. De seu túmulo nasceu um arbusto e, a seguir, apareceu a raiz da mandioca que, segundo os índios, parecia o corpo de Mani. passaram a comer a raiz acreditando que isto lhes daria mais força para a luta, e passaram a chamar este alimento de manioca, que significa pão da terra ou carne de Mani.

Os Puris viviam em constantes guerras com os Botocudos, que os expulsaram da Serra da Mantiqueira para o Vale do Paraíba, tendo se estabelecido num lugar denominado Minhocal, cerca de 30 Km de Campo Alegre. Como começassem a incomodar os primeiros moradores chegados com a bandeira de Simão da Cunha Gago, foi enviado o Sargento-Mor Joaquim Xavier Curado para resolver o problema. Houve cruentas lutas em que foram dizimados vários índios. Só um grupo, chefiado pelo cacique Mariquita, decidiu ficar no Minhocal, onde o Sargento-Mor ordenou que lhe fossem doadas terras. Criada a aldeia dos Puris em São Luiz Beltrão, depois São Vicente Férrer (atual Fumaça), esta prosperou entre 1778 e 1820, enquanto o padre Francisco Xavier de Toledo, grande protetor dos índios, dedicou-se à sua catequese. Com a sua morte os Puris ficaram desprotegidos e foram sendo aprisionados para trabalharem como escravos nas fazendas. As crianças eram batizadas com a observação: apanhadas no mato. Os Puris foram alvo de impiedoso e intencional extermínio, com o propósito de sua redução. Para tanto os conquistadores chegaram a disseminar entre eles, a varíola, com efeitos terríveis. Existiam aldeados em 1857, 133 índios entre mestiços e puros.

Referência Bibliográfica: Livro: Crônica dos Duzentos Anos – RESENDE 1801 –2001. ARDHIS Academia Resendense de História.

A lenda do gigante adormecido


Era uma vez, repousando entre os braços maternos da Serra da Mantiqueira, um vale maravilhoso habitado por uma tribo dos índios puri. O nome puri significa “gente mansa, pacífica”, e, em harmonia com tal nome, eles viviam ali em plena paz uns com os outros e com a natureza.


No centro da aldeia ficava uma grande pedra, considerada sagrada pelos puris. Chamavam-na “iñan”. E não poderia ser mais simbólico, pois “iñan” significa “mãe”. Sobre a pedra-mãe costumavam abater suas caças e preparar seus alimentos, e ao redor dela se reuniam para comer e festejar.

 Também nas reuniões da assembléia indígena, o velho cacique sentava sobre a pedra sagrada e de lá, com sua notória sabedoria adquirida no decurso de muitas épocas, aconselhava acerca das questões trazidas pelo povo.

Foi numa dessas reuniões que o cacique, o qual há muitas luas andava calado e pensativo, revelou à tribo o motivo de sua grande preocupação:
Tendo conversado com respeitados irmãos de outras tribos, tomara conhecimento de uma grande ameaça que pairava sobre o vale. Tratava-se de uma cruel e desconhecida tribo, que vinha causando terror por onde passava.

Era uma gente de pele branca e hábitos bárbaros, que abria caminho derrubando árvores e queimando as matas. Poluíam com seus lixos os rios, e, aos animais, matavam não só para comer, mas às vezes por puro prazer.

Muitas tribos numerosas dotadas de poderosos guerreiros já haviam sido dizimadas pelos invasores. Em seu avanço indomável em busca de ouro e riquezas, inevitavelmente chegariam ao lar da pequena e indefesa tribo puri.

Os índios não dormiram naquela noite. Acostumados a encarar de frente todos os perigos das matas, intimidavam-se agora prestes a enfrentar um bicho novo e atemorizante. Um bicho feroz e voraz chamado... bandeirante.


Poucas luas depois, a profecia se concretizou. Eles vieram com suas armas poderosas, carregando um grande baú recheado de ouro e diamantes, o qual, na sua insaciável ganância, só queriam aumentar mais e mais.


Aos indefesos nativos, a bandeira escravizou, e para as minas levou, obrigando-os a trabalhar na extração de ouro para abastecer seu tesouro.


O líder dos bandeirantes era mais cruel do que todos os outros. Os índios o chamaram Ponã, que na língua puri significa onça, o bicho mais traiçoeiro da mata.


Enquanto os demais forasteiros estavam apenas cegados pela cobiça do ouro, este um parecia mesmo gostar de fazer maldades. Ria-se ao assistir os nativos serem punidos por qualquer rebeldia, gargalhava ao ver os índios velhos se encurvarem sobre o peso das picaretas, divertia-se com o desespero das índias chorando o castigo de seus curumins fraquinhos e a perda de seus maridos, tombados pelo cansaço.

E, sem nada poder fazer para se livrar, os índios resignavam-se em orar ao seu deus sol e à deusa lua. Clamavam ao raio e ao trovão.


Um dia, Ponã, o bandeirante mal, tentou castigar um curumim faminto que lhe roubara um pedaço de carne, mas o indiozinho correu tanto e foi parar nos recônditos da mata, onde ninguém nunca havia ido.
Lá, o espantado curumim deparou com um índio gigante, que dormia despreocupado deitado à sombra da serra.


O curumim pisou num galho seco e o gigante acordou.
- Que fazes nos meus domínios, ó pequenino?
O gigante não parecia mal. O curumim contou-lhe a desgraça de seu povo, mas aquele se mostrou indiferente ao seu sofrimento.
“Sou o último remanescente de minha tribo”, respondeu o gigante, “Há muito vivo aqui, na montanha, escondido e só. As questões alheias não me interessam. Agora vá embora, pois não quero perder minha paz.”


Mas o curumim derramou uma lágrima tão pura que o coração do gigante se enterneceu. Colocando o indiozinho sobre o ombro direito, saiu marchando rumo ao acampamento dos bandeirantes determinado a acabar com a razão do seu choro.


Os invasores tremeram as pernas quando o viram, foi uma correria só. Mas, parecendo temer mais os gritos furiosos de seu líder do que o próprio gigante, pegaram suas espingardas, como Ponã lhes ordenava, e puseram-se a disparar contra o oponente, em direção à sua cabeça enorme.


Ignorando os tiros, o grandalhão arrancou uma árvore e com ela golpeou Ponã, que foi arremessado longe e, quando caiu, não levantou mais.


Bastou derrubar o líder e lá se foi a coragem dos expedicionários. Na pressa de fugir, deixaram para trás até o baú do tesouro, pois suas vidas valiam mais do que o ouro.


Libertos do cativeiro, os puris convidaram seu salvador a ir com eles até a aldeia. Lá, em homenagem ao novo amigo, ofereceram um grande banquete que durou muitos dias e noites . E ao redor da iñan, a pedra-mãe, dançavam a dança dos puris, cantando a derrota do homem branco e louvando a coragem do seu gigante herói. Chamaram-no Lakaré Xatã, que significa braço amigo.


Entre as comemorações, o velho cacique decidiu esconder o tesouro, pois outros poderiam vir à sua procura. O gigante se ofereceu para a tarefa. Já caía a noite quando Lakaré Xatã penetrou na mata escura levando o pesado baú. Os índios esperaram até alta madrugada, mas de lá ele não voltou mais.


Na manhã seguinte, a serra estava mais linda do que nunca, mas nela havia algo diferente: em certo ponto, a Mantiqueira agora exibia os contornos perfeitos da silhueta de um homem, um homem imensamente grande, um gigante, deitado tão tranquilamente como o mais dócil puri.


Uns índios diziam que o gigante fora ferido pelos tiros, sim (só não se viu o sangue devido à enorme distância entre sua cabeça e o chão), e que fora embora para que seus amigos puris não o vissem morrer. Mas tombou lá na serra, onde seu corpo, em vez de se decompor, virou rocha instantaneamente, desenhando na montanha um novo e perene contorno. Ainda outros afirmavam que o Lakaré Xatã partira ileso, ansioso de voltar à sua existência solitária. Mas, diante da ameaça do ataque de outros bandeirantes, sua preocupação com os novos e diminutos amigos o fez ficar. Deitou-se sobre a serra, e lá passou a dormir o sono imenso dos gigantes, pronto a despertar quando novamente os índios e a mata corressem perigo. 



E, desde aquele episódio, lá, onde hoje fica o bar da pedra, a aldeia passou a se reunir todas as noites ao redor da pedra-mãe, onde os índios mais velhos não se cansavam de contar aos indiozinhos a história de seu gigante amigo, para não deixar morrer a memória daquele ser especial. A cada noite em que a história era contada, os curumins iam dormir sonhando com aquela tamanha aventura, e, ao acordar de manhã ao canto dos pássaros, olhavam enternecidos para a serra, onde, entre as fendas e picos, para sua surpresa e deleite, por um breve instante, o Gigante Adormecido parecia sorrir.

quinta-feira, 15 de março de 2018

O PURI E O KAXINAWÁ: DOIS PRESOS E UMA MEDIDA

Dois índios presos em momentos e locais diferentes: um no Rio de Janeiro, outro no Rio Jordão (Acre). Ainda que distantes no tempo e no espaço, essas prisões arbitrárias, no frigir dos ovos, são exemplares porque apontam na mesma direção. Foram realizadas em defesa da propriedade privada e em nome da ordem estabelecida, revelando como o Poder Judiciário, embora considere a justiça cega, às vezes é capaz de ver longe. Muito longe.
O preso do Rio, provavelmente um Puri, aparece no boletim de ocorrência apenas como índio, genérico, sem identidade étnica. Foi encarcerado num momento de reformulação da política pública de segurança. O motivo da prisão está escrito com todas as letras no registro policial: “o gatuno vadio tinha uma expressão suspeitosa de quem estava pensando em roubar”. É. É isso mesmo que você leu. O cara não roubou, mas foi preso porque acharam que ele tinha cara de ladrão. Desenterro seu caso dos arquivos policiais, porque li agora notícia vinda do Acre com um fato similar.
Lá no Acre, município do Jordão, Irineu Kaxinawá, 19 anos, permaneceu trancafiado mais de quatro meses na Penitenciária de Taraucá, sem julgamento algum. Motivo da prisão: teria ajudado seu primo menor de idade a esconder na casa do avô deles, Getúlio Sales - um líder tradicional dos Kaxinawá - roupas e bijuterias de pequeno valor que foram surrupiadas da loja de Maria Raimunda. Detalhemos os dois casos. 

Polícia da Corte
No Rio de Janeiro, em 1831, o posto de chefe de polícia era ocupado por um juiz de direito. Foi, portanto, um juiz que decretou a prisão do índio, numa época em que a polícia era tão eficiente que lia até pensamento. Está lá, no documento que encontrei no Arquivo Nacional, no Fundo Polícia da Corte, formado por 340 volumes manuscritos, entre os quais os livros com a relação de presos feita pela policia na primeira metade do século XIX.
Os índios estão escondidos no arquivo em documentos da Intendência Geral da Polícia, conhecida depois como Polícia da Corte. Eram muitos, mas os livros usados nas escolas os tornaram invisíveis. Quase sempre sem emprego, sem domicílio fixo, viviam de biscates e perambulavam pelos cortiços do centro da cidade. Foram duramente reprimidos quando D. João VI chegou ao Rio, em 1808, até os anos 1840, quando cessam os registros nos arquivos, depois de apodrecerem nas prisões.
Os motivos alegados para prendê-los eram diversos: atitude suspeita, vadiagem, embriaguez, porte de canivete, desordem, agressão, furto, ausência de permissão para andar na rua depois das 19h e até por estarem “pensando em roubar”.
No entanto, a equipe de pesquisa que coordenei começou a desconfiar desses motivos quando encontramos, em outro documento do Arquivo Geral da Cidade, registro do mesmo índio preso trabalhando como braçal na reforma do Passeio Público, em 1831. É que o Código Penal previa pena de prisão com trabalhos forçados. Naquela época, os negros escravos estavam quase todos ocupados nas fazendas de café do Vale do Paraíba e não havia quem cuidasse das obras públicas. Daí ocorria a prisão dos índios, porque o poder público “estava pensando” em tê-los como mão de obra gratuita. 
Quem estudou bem essa documentação foi um gringo, Thomas Holloway, professor de História Latino-Americana na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. Ele vasculhou os arquivos das polícias Militar e Civil do Rio, no século XIX, guardados no Arquivo Nacional, e escreveu o livro “Policing Rio de Janeiro – repression and resistance in the XIX century”publicado pela Universidade de Stanford.
No livro, o historiador americano analisa a tensão política vivida em 1831, quando o então ministro e futuro regente Diogo Feijó reformulou a política de segurança pública e criou não a UPP, mas o CMP (Corpo Municipal de Permanentes) para manter a ordem vigente. Um dos primeiros comandantes dessa nova polícia militar foi o Duque de Caxias, encarregado de “limpar a cidade”, o que foi feito fechando os olhos aos abusos de autoridade, à violência e à corrupção. E no Acre?

O caso do Jordão
Irineu Kaxinawá, de 19 anos, vivia na Aldeia Nova Empresa, Terra Indigena Kaxinawá do Baixo Rio Jordão. Falava português com dificuldade e foi, em 2010, estudar na cidade. Seu primo roubou umas quinquilharias, ele ajudou a esconder, como o primo é menor de idade, quem foi preso foi ele, Irineu, no dia 3 de outubro do ano passado.
Foi estudar numa escola pública do Jordão e agora está fazendo mestrado na melhor escola de bandidos do Acre, que é a penal de Tarauacá - escreveu o pai dele, o antropólogo Terri Aquino.
Quem deu a bolsa de mestrado ao Irineu foi a juíza de Tarauacá, uma ex-delegada de polícia do interior do Amazonas, que negou a liberdade provisória para que o acusado respondesse processo em liberdade. Ela alegou que o objetivo da prisão era “evitar que o delinquente, tendo praticado o primeiro crime, pratique novos crimes, quer porque seja acentuadamente propenso à prática delituosa, quer porque, em liberdade, encontrará os mesmos estímulos relacionados com a infração cometida”.
Praticado um crime? Propensão à prática delituosa? De onde é que a magistrada tirou isso, meu Deus! Um menino com bons antecedentes, profissão definida, residência fixa, nunca praticou violência contra gente, bicho ou planta, nunca havia sido preso, não foi ainda julgado para ser considerado delinquente.
A juíza do Acre avançou mais que seu colega do Rio. Enquanto no Rio o índio foi preso porque “estava pensando em roubar”, o kaxinawá, no Acre, permaneceu quase cinco meses numa penitenciária para evitar que ele pensasse em roubar.
- Se ele errou, e até acredito que tenha errado mesmo, a Justiça acreana poderia dar uma chance de recuperação a esse jovem índio de apenas 19 anos. E não ser assim tão rigorosa com um “ladrãozinho de galinha, podia dar uma pena branda, como prestação de serviços comunitários – escreveu seu pai, angustiado, que passou o Natal e Ano Novo nas aldeias Yawanawá e em visita ao filho preso, depois de conversar com juiz, desembargador, diretor de penitenciaria, defensor público, advogado, secretário de Direitos Humanos, tudo em vão. Seu filho permanecia preso.
- Estou abrindo o meu coração publicamente, mas não estou interessado em piedade de ninguém. Estou apenas atrás de Justiça para o meu moleque. O Acre é cruel. E tem proporcionalmente a maior população carcerária do Brasil. E esse caso do Irineu me dá muita vergonha de ser acreano - escreveu o antropólogo Terri Aquino ao jornalista Altino Machado.
Futurologia
Altino, que mantém o blog mais lido sobre a Amazônia, correndinho, mobilizou Deus e o mundo, jornalistas, professores, advogados, gente em todo o Brasil que conhece os Kaxinawá, através dos trabalhos do Terri Aquino, cuja vida continua dedicada aos índios, lutando por suas terras, línguas e culturas.
Os jornalistas Elson Martins, a historiadora Fátima Almeida, a cronista Leila Jalul, a radialista Eliane Sinhasique e tantos outros, no Acre, mas também em Minas Gerais - Maria Inês de Almeida, diretora do Centro Cultural da UFMG, Nikão Duarte, professor de jornalismo no Rio Grande Sul, João Dal Poz, antropólogo da UFMT, Ivana Bentes, professora da Escola de Comunicação da UFRJ, todo mundo indignado com o fato de se manter numa penitenciária barra pesada um menino que nem foi ainda julgado, enquanto quem rouba dinheiro público – milhões – e enfia nas cuecas, nas meias, nos bolsos e em contas no exterior – está circulando livremente e até se elegendo como parlamentar.
Altino mobilizou também o advogado João Tezza, que na sexta-feira (27/01), impetrou umhabeas-corpus onde, com todo respeito, critica a juíza que trata um réu primário como delinquente, antes de qualquer condenação, sob a justificativa de que ele cometeria outros crimes. Para o advogado, a juíza “imbuiu-se de poderes mediúnicos”:
-. Se a previsão do futuro é indispensável ao exercício da profissão de vidente, é vedada, por lei, no exercício da magistratura, enquanto praticada em um Estado Democrático de Direito -escreveu Tezza..
Irineu vai agora responder em liberdade, graças ao habeas-corpus concedido. Seu pai, um antropólogo muito respeitado e querido na comunidade acadêmica e pelos índios em todo o Brasil, pode respirar, enfim, aliviado. Nós também. No entanto, não são apenas dois presos e uma medida. Existem atualmente mais de 3 mil índios presos em todo Brasil, para libertá-los um Tezza apenas não basta. É preciso um Tezzão.
Fonte: Taqui pra Ti do José Ribamar Bessa Freire.

A um ano, nós indígena da etnia Puri do Clã Xamixuna, ocupamos uma terra de quinze hectares no município de Barbacena MG, promessa da SDPAC na primeira conferência de povos tradicionais de Minas Gerais de devolver terras devolutas para estes povos.
Sendo assim entramos em uma terra então devoluta segundo Danilo SEDA hoje INCRA onde fomos retirados no mesmo dia da ocupação pela Dalva da mediação de conflitos, com a promessa de uma terra na fazenda Carboreto no Distrito de Cachoeira do Manteiga, município de Buritizeiro/MG.
Aceitamos de imediato para solucionar nossos problemas no quesito terra e viemos para o município de Buritizeiro apenas com o motorista da SDPAC que não tem experiência em mediação de conflitos. Chegando ao município nos foi negada a entrada nestas terras pela outra etnia que já a ocupava a um ano e meio. O motorista da SEDPAC nos deixou em uma pousada e na manhã seguinte nos havia abandonado em uma terra estranha sem dinheiro e sem comida somente com uma diária paga. Procurei a polícia para denunciar um crime de direitos humanos de uma Secretaria que tem como fim resguardar este direito.
A polícia fez contato com o Estado na pessoa do Sr. João Pio onde o mesmo queria nos encaminhar para um presídio. De imediato veio a recusa da nossa Liderança afinal é perigoso ficar no meio de encarcerados. Após a nossa negativa fomos para uma ONG chamada Graal onde ficamos mais de um mês abandonados até que o Prefeito local sensibilizado com a nossa causa nos encaminhou a uma fazenda abandonada da FUCAM Fundação Caio Martins.
Chegando lá achei mais de 200 quilos de alimentos doados pelo estado podres e jogados fora como posso provar por fotos e filmagens do abandono e do descaço com o dinheiro público.
 Minha voz não e escutada porque sou pequeno e estou lutando com gente grande, sofro difamação e tentam me desacreditar com outras lideranças indígenas e de estado.
No mais estamos abandonados em uma construção de uma antiga fábrica chamada Imbiruçu no Município de Buritizeiro a espera de que nosso direito violado seja retificado.

ACAIACA ÍNDIOS PURI